Templo budista é tombado como patrimônio histórico de Brasília
- 24/12/2014 08h19
- Brasília
Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil
Edição: Graça Adjuto
Em
meio à movimentação de carros, do comércio e de pessoas praticando
atividades físicas, o Templo Honpa Hongwanji, ou Templo Shin Budista
Terra Pura, de Brasília - que fica em paisagem bucólica, quase
escondido, apesar de grandioso - é um convite à reflexão e à meditação.
Erguido pelos primeiros imigrantes japoneses que chegaram à capital federal durante a construção, o templo está localizado em uma das áreas mais nobres da cidade, entre as quadras 315 e 316 da Asa Sul, a aproximadamente dez quilômetros do Congresso Nacional.
A arquitetura oriental, que mescla leveza e imponência, remete logo, no primeiro olhar, às casas japonesas, de telhados altos e curvilíneos. Os bambus presentes nos jardins dão ainda mais suavidade ao local. Apesar da proximidade com o comércio da quadra, o espaço é calmo e silencioso.
Parte da cultura brasiliense, o Templo Budista tornou-se nesta semana patrimônio histórico da capital. Decreto publicado no Diário Oficial do DF protege o templo de modificações na obra original, o sino Bonshô e seu campanário, além do pórtico de entrada e dos dois localizados nas laterais.
“Os templo de antigamente, em qualquer lugar do mundo, eram centros culturais. Eram escolas, dava-se aulas para as crianças, atendia-se aos idosos, era onde a comunidade se encontrava. Aos poucos, eles foram perdendo essa característica e passaram a ser locais onde se realizam cerimônias, ofícios”, disse à Agência Brasil o monge Sato, responsável pelo local.
“Patrimônio histórico, para mim, tem dois significados importantes e foi essa tese que defendi no Conselho de Cultura para que o requerimento fosse para a frente: primeiro, patrimônio não é bem material. Tudo bem que a arquitetura seja bonita e isso é um bem que faz parte de Brasília, mas há a parte histórica. Não para ficarmos com saudade, olhando para trás. Histórico é a referência que temos para olhar para o futuro. Essa missão do patrimônio histórico veio daí: um bem cultural que aponte para o futuro como dom Bosco, Juscelino [Kubitscheck] e outros pioneiros quiseram”, argumentou o monge.
Erguido pelos imigrantes japoneses para manter vivas suas raízes e a cultura, o templo hoje é um espaço aberto a toda a comunidade, com encontros de meditação (cantada, recitada, contemplativa e silenciosa), sessões de massagem e aulas de artes marciais.
“Embora a área tenha sido concedida aos japoneses para a construção de um templo, ela tem essa missão ecumênica, de servir à cidade. Hoje, a frequência dos não japoneses aqui é muito grande”, ressaltou Sato. Principalmente no mês de agosto, quando é realizada a tradicional quermesse.
De acordo com o monge Sato, foi Juscelino Kubitschek que convidou imigrantes japoneses a virem para Brasília à época da construção da cidade. “Ele queria que as pessoas não comessem apenas carne, mas também legumes, vegetais e frutas, que eram cultivados pelos japoneses. Então, os japoneses estão aqui desde o começo para servir à população”.
Na nova capital, acrescentou, os japoneses pediram ao então presidente do país uma área para a construção de um templo. “A equipe de Juscelino - Lúcio Costa e Israel Pinheiro - disse que teria que ser no Plano Piloto, sendo que a comunidade japonesa morava distante do centro. Por isso foi concedido esse lote tão nobre da cidade, porque Juscelino queria que a capital fosse ecumênica, onde todas as religiões fossem representadas”.
Manuseando entre os dedos o Juzu, uma espécie de terço usado pelos católicos, o monge Sato explicou que o budismo convive tranquilamente com as religiões. “A primeira vez em que vim ao templo, tinha mais de 50 anos e estava vivendo uma crise política existencial. Subi os degraus por acaso e depois aprendi que no budismo não tem nada por acaso”, contou.
Segundo ele, naquele dia o monge que comanda o templo falava sobre a compaixão de Buda e isso provocou uma mudança em sua vida. “O que é a luz da compaixão?, perguntava. Deve ser algo parecido com o amor incondicional, como o da mãe. Está sempre salvando, iluminando e a gente não sabe. Isso me chamou atenção”, lembrou.
Sato contou que dali em diante se ofereceu para ajudar o monge, principalmente com a língua portuguesa, e começou a caminhada até ser ordenado em 1998. Desde então está a frente do templo brasiliense.
No último evento do ano, no próximo dia 31, haverá o tradicional ritual de passagem de ano, com a cerimônia das 108 batidas no sino Bonshô. “São 108 esperanças sobre as quais refletimos para renová-las”, disse ele.
Erguido pelos primeiros imigrantes japoneses que chegaram à capital federal durante a construção, o templo está localizado em uma das áreas mais nobres da cidade, entre as quadras 315 e 316 da Asa Sul, a aproximadamente dez quilômetros do Congresso Nacional.
A arquitetura oriental, que mescla leveza e imponência, remete logo, no primeiro olhar, às casas japonesas, de telhados altos e curvilíneos. Os bambus presentes nos jardins dão ainda mais suavidade ao local. Apesar da proximidade com o comércio da quadra, o espaço é calmo e silencioso.
Parte da cultura brasiliense, o Templo Budista tornou-se nesta semana patrimônio histórico da capital. Decreto publicado no Diário Oficial do DF protege o templo de modificações na obra original, o sino Bonshô e seu campanário, além do pórtico de entrada e dos dois localizados nas laterais.
“Os templo de antigamente, em qualquer lugar do mundo, eram centros culturais. Eram escolas, dava-se aulas para as crianças, atendia-se aos idosos, era onde a comunidade se encontrava. Aos poucos, eles foram perdendo essa característica e passaram a ser locais onde se realizam cerimônias, ofícios”, disse à Agência Brasil o monge Sato, responsável pelo local.
“Patrimônio histórico, para mim, tem dois significados importantes e foi essa tese que defendi no Conselho de Cultura para que o requerimento fosse para a frente: primeiro, patrimônio não é bem material. Tudo bem que a arquitetura seja bonita e isso é um bem que faz parte de Brasília, mas há a parte histórica. Não para ficarmos com saudade, olhando para trás. Histórico é a referência que temos para olhar para o futuro. Essa missão do patrimônio histórico veio daí: um bem cultural que aponte para o futuro como dom Bosco, Juscelino [Kubitscheck] e outros pioneiros quiseram”, argumentou o monge.
Erguido pelos imigrantes japoneses para manter vivas suas raízes e a cultura, o templo hoje é um espaço aberto a toda a comunidade, com encontros de meditação (cantada, recitada, contemplativa e silenciosa), sessões de massagem e aulas de artes marciais.
“Embora a área tenha sido concedida aos japoneses para a construção de um templo, ela tem essa missão ecumênica, de servir à cidade. Hoje, a frequência dos não japoneses aqui é muito grande”, ressaltou Sato. Principalmente no mês de agosto, quando é realizada a tradicional quermesse.
De acordo com o monge Sato, foi Juscelino Kubitschek que convidou imigrantes japoneses a virem para Brasília à época da construção da cidade. “Ele queria que as pessoas não comessem apenas carne, mas também legumes, vegetais e frutas, que eram cultivados pelos japoneses. Então, os japoneses estão aqui desde o começo para servir à população”.
Na nova capital, acrescentou, os japoneses pediram ao então presidente do país uma área para a construção de um templo. “A equipe de Juscelino - Lúcio Costa e Israel Pinheiro - disse que teria que ser no Plano Piloto, sendo que a comunidade japonesa morava distante do centro. Por isso foi concedido esse lote tão nobre da cidade, porque Juscelino queria que a capital fosse ecumênica, onde todas as religiões fossem representadas”.
Manuseando entre os dedos o Juzu, uma espécie de terço usado pelos católicos, o monge Sato explicou que o budismo convive tranquilamente com as religiões. “A primeira vez em que vim ao templo, tinha mais de 50 anos e estava vivendo uma crise política existencial. Subi os degraus por acaso e depois aprendi que no budismo não tem nada por acaso”, contou.
Segundo ele, naquele dia o monge que comanda o templo falava sobre a compaixão de Buda e isso provocou uma mudança em sua vida. “O que é a luz da compaixão?, perguntava. Deve ser algo parecido com o amor incondicional, como o da mãe. Está sempre salvando, iluminando e a gente não sabe. Isso me chamou atenção”, lembrou.
Sato contou que dali em diante se ofereceu para ajudar o monge, principalmente com a língua portuguesa, e começou a caminhada até ser ordenado em 1998. Desde então está a frente do templo brasiliense.
No último evento do ano, no próximo dia 31, haverá o tradicional ritual de passagem de ano, com a cerimônia das 108 batidas no sino Bonshô. “São 108 esperanças sobre as quais refletimos para renová-las”, disse ele.
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