segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dividida, Executiva do DEM discute futuro de Arruda

José Cruz/ABr

Ex-cinderelas do DEM, Arruda e o vice Paulo Octávio viraram um par de 'abóboras'



A direção do DEM vai convocar para esta terça-feira (1º) uma reunião de sua comissão Executiva Nacional.



Na pauta, uma pergunta: O que fazer com o pedaço do partido que apodreceu no escândalo do governo do Distrito Federal?



O partido cindiu-se em três partes. Um pedaço, minoritário, defende a preservação do governador José Roberto Arruda e da equipe dele.



Os outros dois pedaços do DEM advogam a adoção de algum tipo de providência saneadora. Divergem, porém, quanto à dosagem.



São três as alternativas que se encontram sobre a mesa:



1. Expulsar da legenda Arruda os ‘demos’ que micaram nas dobras do “DEMensalão”.



2. Suspender a filiação dos ‘demos’ engolidos no escândalo.



3. Abrir um processo no Conselho de Ética do partido, propiciando a Arruda e Cia. amplo direito ao contraditório.



Antes do encontro da Executiva, um seleto grupo de grão-demos se reúne, na tarde desta segunda (30), com Arruda.



Vão ouvir o que o governador tem a dizer sobre os malfeitos registrados em áudio e vídeo. Uma formalidade.



Na prática, a versão de Arruda já foi repassada aos mandachuvas do partido. O governador passou o final de semana grudado ao telefone.



Falou muito. Mas convenceu pouco. Disseminou-se pelo partido a convicção de que é preciso tomar distância do filiado ilustre.



Presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) levará à conversa com Arruda representantes dos três grupos.



Da turma do “mata e esfola”, vão à reunião Demóstenes Torres (DEM-GO) e os líderes no Senado e na Câmara –José Agripino (RN) e Ronaldo Caiado (GO).



Do time do “deixa-disso”, Heráclito Fortes (DEM-PI). Da ala do “vamos-devagar-pra-ver-como-é-que-fica”, ACM Neto (DEM-BA).



Pairando sobre todos, Marco Maciel (DEM-PE), visto pela etnia dos ‘demos’ como uma espécie de sábio da tribo.



A encrenca que sacode o DEM não se resume a Arruda. Tornou-se impossível vergastar o governador sem açoitar os que vêm abaixo dele.



O escândalo traz as digitais também do vice-governador Paulo Octávio e do presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente.



Na noite passada, cogitava-se abrir uma porta de emergência para Arruda e o etc. que se acomoda sob ele.



O governador e os seus pediriam licença do partido pelo prazo que durassem as investigações.



Uma meia-sola destinada a aplacar os ânimos de gente como José Agripino, que não admite a hipótese de Arruda se defender protegido pelo manto do partido.



Em privado, Agripino diz coisas assim: “Não dá para ficar no partido respondendo a um processo desses. Nem pensar. Do contrário, saio eu”.



Seja qual for, a decisão terá de ser referendada pela Executiva do DEM, um colegiado composto de 45 pessoas.



Optando-se pela saída da abertura de processo disciplinar, a turma de Brasília vai à Comissão de Ética (nove membros).



Seria uma forma de responder ao escândalo com um golpe de barriga. Aberto o processo, o caso iria às mãos de um relator.



Os enrolados teriam prazo para apresentar suas defesas. O relator disporia de tempo para destrinchar os contra-argumentos.



Sobreviriam o Natal e o Réveillon. Até o dia da decisão final, o partido observaria até onde vai o abismo cavado por Arruda.



De concreto, há apenas a convicção da maioria de que algo precisa ser feito. Resta calibrar a dosagem do purgante.



Confrontada com a devastação das imagens que resumem os malfeitos, a simples hesitação já impõe ao DEM um custo que, por incalculável, é muito fácil de calcular.

Escrito por Josias de Souza às 04h47

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