terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"Mensalão do DEM" deixa Joaquim Roriz mais perto do seu quinto mandato no DF

Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília

Entenda as denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal

As denúncias de corrupção envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), deixam Joaquim Roriz (PSC) mais próximo do seu quinto mandato como governador do Distrito Federal.

Arruda e Roriz estavam empatados em todas as pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2010 feitas até o momento -todas realizadas antes das denúncias de envolvimento de Arruda em um esquema de pagamento de propina a integrantes da Câmara Legislativa do DF. Com o abalo na imagem do atual governador, a situação deve ficar mais fácil para Roriz.

Cúpula do DEM se reunirá nesta terça-feira para definir o futuro do governador Arruda



Apesar de haver indícios de que o "mensalão do DEM" tenha começado ainda no governo de Roriz, políticos do Distrito Federal não acreditam que a imagem do ex-governador seja afetada.

"O eleitor do Roriz é um eleitor que não se toca tanto com esses assuntos. Ele tem uma fidelidade que está acima desses fatos. Do ponto de vista do Roriz, ele não se enfraquece com o eleitorado. Só se também aparecesse um vídeo com ele", diz o ex-governador do Distrito Federal e atual senador, Cristovam Buarque (PDT).

Taxado como populista, rótulo que ele não refuta, Roriz criou seu eleitorado entre as classes mais pobres no entorno de Brasília. Suas votações expressivas o levaram a ser eleito três vezes ao governo do DF. Na primeira vez, assumiu como governador biônico ao ser indicado pelo então presidente da República, José Sarney.

Ex-aliados
Antes de serem adversários políticos, Roriz e Arruda foram aliados. Arruda ocupou cargos menores nas gestões de Roriz até se tornar chefe de gabinete do então governador.

Outra semelhança entre ambos foram as renúncias para fugir da cassação e manter seus direitos políticos quando foram senadores. Em 2001, Arruda saiu do cargo sob a suspeita de ter violado o painel de votação do Senado. Em 2007, foi Roriz quem renunciou. Ele havia aparecido em conversas telefônicas que o mostravam negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o então presidente do BRB (Banco de Brasília), Tarcísio Franklin de Moura.

Apesar da ligação forte de ambos, o ônus do escândalo pode não ser passado ao ex-governador.

"A crise maior é do governo Arruda, não do Roriz. Ela afeta a base do Arruda, que sempre foi de classe média", diz a deputado distrital Erika Kokay, líder petista na Assembleia do DF. O PT deve lançar como candidato ao governo o ex-deputado federal Agnelo Queiroz.

O senador Gim Argello (PTB-DF) completa o quadro dos quatro candidatos melhores colocados nas pesquisas. Suplente de Roriz, Argello assumiu após a renúncia dele do cargo em 2007.

Argello diz que o destino dos votos dos eleitores de Arruda não é certo, mas o destino do governador é: ele está fora da disputa, opina o senador.

"Agora mudou tudo porque saiu o 'player' que era o governador. Tínhamos quatro 'players', agora, tenho certeza, só são três", afirma.

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