O governador afastado do DF, José Roberto Arruda (sem partido), contou com a ajuda de um policial aposentado para ser informado previamente sobre investigações capazes de comprometer sua imagem e atingir adversários políticos.
Agora, o ex-policial Celso Ferro, consultor na área de segurança, colabora com os responsáveis pela investigação do mensalão do DEM.
Há dez dias, Ferro procurou o Ministério Público e, em depoimento, disse que Arruda pediu que prestasse consultoria ao governo. Queria que o informasse "de fatos que poderiam comprometer sua imagem em vista da reeleição, bem como informá-lo sobre os passos de seus prováveis opositores".
A conversa, segundo Ferro, foi em maio e, diante do pedido de Arruda, ele elencou fatos que poderiam comprometer o governo. À Folha o delegado disse que produziu ao menos três relatórios de graça. "Todos com informações já de conhecimento do governador. Nunca deixei de avisá-lo", disse, negando tratar-se de espionagem.
A defesa de Arruda informou que não tem conhecimento de novos depoimentos e por isso não iria se pronunciar.
Entre os relatórios elaborados pelo delegado está um informe apreendido pela PF na casa do ex-chefe de gabinete do governador no dia em que a Operação Caixa de Pandora foi deflagrada, em novembro.
No documento "anotações pertinentes", Ferro lista a situação de investigações da PF e do Ministério Público, entre elas um inquérito sobre o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). O relatório destaca que autoridades como Arruda e o vice Paulo Octávio apareciam em gravações "até o momento sem comprometimento".
Após o depoimento de Ferro, dois delegados foram convocados a depor e revelaram como teria sido a interferência de Arruda. Os depoimentos foram usados pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, para justificar a necessidade de manter Arruda preso. Na sessão no STF, o Ministério Público alegou que testemunhas só se encorajaram a falar porque Arruda está preso.
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